sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Relacionamentos

Há muito tempo tive vontade de escrever sobre um assunto muito complexo, delicado, mas que precisa ser
desmitificado, "relacionamentos".
Outro dia estava refletindo sobre tal assunto e pude meditar como o relacionamento é um fator primordial para
o ser humano, afinal, não nascemos para viver isolados. Por mais que desejemos privacidade, silêncio e
autonomia, nós, seres humanos, somos dependentes de uma sociedade da qual precisamos nos relacionar.
O início dos relacionamentos se iniciam quando a criança nasce, daí em diante nossa vida é um eterno
relacionamento. A gestação, o momento da amamentação, a troca das fraldas, o banho, são os primeiros atos
em que se estabelecem o início dos relacionamentos na vida do ser humano.
Eu poderia me estender por páginas diversas citando todos relacionamentos que temos ao longo de uma vida
mas eu quero falar dos relacionamentos entre duas pessoas, quando se inicia o período que sentimos a
necessidade de ter outra pessoa à nossa companhia.
Quando saímos para o trabalho, para a escola ou até mesmo para uma festa, estamos sujeitos a encontrar com
pessoas diversas, pessoas sem tempo, preocupadas e até mesmo pessoas que estão à procura de uma
companhia, mas chega um momento que nos deparamos com uma outra pessoa e que acontece algo marcante,
aquele momento da primeira troca de olhares, algo na outra pessoa chama nossa atenção, talvez os cabelos,
ou quem sabe o porte físico; sentimos que dentro de nós acontece uma reação, algo fora do nosso controle,
é como que nos sentíssemos que estamos tremendo por dentro, o famoso friozinho na barriga;
Daí em diante, se as duas pessoas estão com os mesmos propósitos, dá-se início ao relacionamento amoroso.
Primeiras palavras, elogios, palavras que elevam a autoestima do outro(a) são proferidas a quase todo momento.
Tudo que fazemos ou pensamos tem a imagem da outra pessoa, é tudo muito lindo, poético é lúdico.
Quando surgem as primeiras divergências, as primeiras contradições, se não houver um sentimento fortemente
embasado pode acontecer o rompimento do relacionamento, aí tudo se torna sem sentido, a comida não tem
gosto, as noites são passadas quase em claro, uma certa depressão e melancolia toma conta de nós e
começamos a procurar de quem é a culpa, onde erramos, ou talvez pensamos que poderíamos ter agido de
outra forma.
Um relacionamento para ser duradouro depende de alguns ingredientes essenciais, se faltar algum toda sua
estrutura está seriamente comprometida. Quero citar alguns desses ingredientes que, ao longo das minhas
experiências, pude comprovar suas eficácias mas partindo do principal ponto de que é preciso aceitar que
todo ser humano é livre e tem o direito de escolher entre ficar ou ir, querer ou não querer, dizer sim ou não e
respeitar este direito é um ato de amar!
1.QUIMICA:
Quando se inicia um relacionamento, se não acontecer a química, tão mitificada e desprezada por muitos, já
existe um comprometimento na duração deste relacionamento.
Quando me refiro a esta reação, estou querendo dizer que naquele momento, em que mesmo na troca de um
simples olhar, se algo dentro de nós, como o friozinho na barriga, a aceleração dos batimentos cardíacos, é pouco provável que aconteça um relacionamento
sadio e duradouro.
Quando a química parte apenas de um lado, ou seja, apenas de uma pessoa, o relacionamento já começou de
uma provável insistência ou interesse, independente se físico ou material. Nos relacionamentos em que não há
química, não há tesão e consequentemente chega um momento em que há a perda de interesses diversos, tais
como, ficar perto, ouvir a voz e principalmente continuar os dias perto da outra pessoa. Sendo assim o
relacionamento já está em estado de decomposição, se desfazendo até chegar ao seu limite e acontece seu
rompimento definitivo.
Torna-se uma tortura para quem vive um relacionamento assim e quer insistir por medo de pensar que todos
relacionamentos serão sempre a mesma coisa, se um relacionamento chegou ao fim é preciso encarar a
realidade e tomar uma atitude, porque insistir em algo que está fazendo mal? É preciso entender que não
podemos abrir mão da nossa subjetividade, isto é, que somos donos das nossas decisões, que somos pessoas
que temos condição de olhar para frente sem ter que depender do outro e, se primeiro gostarmos de nós,
certamente poderemos ser feliz em outro relacionamento.
2.COMPROMETIMENTO:
É comum estarmos em um ambiente qualquer e, de repente, aparecer alguém que desperte nossa atenção por
algum motivo, afinal de contas a todo momento passam pessoas em nossa frente que talvez esteja usando umroupa, um perfume ou tenha um perfil que desperte olhares por onde passa, nada de errado se olharmos, o
importante é que em nós haja o tão importante domínio de nós mesmo para que não fale mais alto nosso
primitivo instinto animal.
O comprometimento está diretamente ligado ao amadurecimento, se quero me comprometer com uma pessoa
deve ser um ato de escolha, e então, não precisamos procurar por outro alguém pois julgamos ter encontrado
alguém que tenha características que nos atraia, que nos encante.
3.SINCERIDADE
“A sinceridade tem na sua essência a verdade”. Eu conheço um ditado, que era sempre proferido por meu pai,
que diz assim: “a mentira tem pernas curtas!”. Trocando em miúdos, isto quer dizer que uma mentira não se
sustenta por longo tempo e não depende da situação que ela foi aplicada, chega o momento em que a verdade
vem à tona. Vamos tomar isto como exemplo em um relacionamento que sobrevive apenas de forma unilateral;
em todo momento é preciso usar de sinceridade, tanto com a outra pessoa ou com nós mesmo.
Precisamos fazer avaliações de tudo que nos cerca; avaliamos a roupa que queremos sair, se o perfume que
usaremos está certo para o horário ou clima, mas é primordial para a saúde de um relacionamento avaliarmos
se o que estamos vivendo está sendo sadio para nós e para a outra pessoa também; neste caso deve se
aplicar literalmente a sinceridade.
É preciso ser sincero para saber aceitar se o que eu estou vivendo está me fazendo feliz e se eu estou
conseguindo fazer a outra pessoa feliz, enganar-se ou enganar a outra pessoa é como usar uma arma sem saber
manuseá-la, chega um momento em que alguém pode se ferir gravemente.
Não há de nada errado em usar de sinceridade para com a outra pessoa, dizer que chegou a um ponto em que
o relacionamento precisa ser avaliado dói menos do que insistir com um engano, engano na verdade que é mais
para si mesmo do que para com a outra pessoa.
Quando digo que devemos avaliar o relacionamento não estou me referindo a fazer a tão famosa “DR”. Discutir
o relacionamento é para se resolver pendencias que estão prejudicando a harmonia do mesmo, avaliar o
relacionamento é fazer uma introspectiva, é olhar olho no olho do seu sentimento e buscar no íntimo do mesmo
se o que está se vivendo é o que se quer para ser feliz e ter coragem para aceitar a verdade que ele tem para
dizer.
4.LIBERDADE E CONFIANÇA
Melhor que aprisionar as borboletas é cuidar do jardim, assim elas virão por vontade própria, se algumas se
forem outras virão.
Certa vez ouvi de uma senhora uma frase que muito me marcou, diz assim a frase: “não há nada melhor do que
respeitar por amor”. O ser humano não nasceu para viver aprisionado ou preso a nada, muito menos a alguém.
Uma convicção que tenho de relacionamento é que uma pessoa se une a outra de forma livre e espontânea, de
um querer recíproco e o que passar deste termo se torna imposição e não relacionamento.
É uma sensação maravilhosa sentir a liberdade, infelizmente ouvimos e vemos casos em que, dentro de
relacionamentos, existem imposições e limites de um para com o outro simplesmente para garantir a existência
do mesmo ou mesmo para alimentar um ego, isto é ridículo. Acredito que você desejar e ser desejado
simplesmente por deixar a outra pessoa livre deva ser uma das melhores sensações.
Cotidianamente saímos para realizar certos afazeres, compromissos pessoais, estar em certos lugares em que
precisamos estar distantes daquela pessoa a quem estamos nos relacionando e é nessas horas que o uso
correto da liberdade gera confiança. A liberdade que desejamos deve ser a mesma liberdade que devemos
oferecer, se eu quero a liberdade apenas para mim eu estou sendo uma pessoa egoísta.
Em um relacionamento deve existir a liberdade para ambos, não podemos querer ficar 24 horas de braços
dados com a outra pessoa, isto leva a extinção da privacidade, que é um direito de todos. Não se pode
extinguir a privacidade em um relacionamento, isto causa sufocamento, asfixia e isto leva a morte do mesmo.
Certamente há outros ingredientes que devem compor uma relacionamento para o tornar estável tais como o
momento para intimidades, o jogo aberto na hora do prazer (porque ninguém tem que ser adivinha do que o
outro deseja para se realizar), o desconfiômetro e por aí vai, mas vou deixar estes para outro artigo.
Espero que gostem, se eu puder ajudar é só entrar em contato.
Obrigado por lerem e aguardo comentários.
Paulo Fernando Corrêa.

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